quinta-feira, 17 de abril de 2014

NOTAS DE LEITURA - SURPREENDIDO PELA ALEGRIA, C.S Lewis


  • Não é a felicidade tranqüila, mas a alegria momentânea que glorifica o passado.
  • O homem vivo mais feio é um anjo de beleza comparado ao mais adorável dos mortos.
  • Acho que a verdade é que a crença à qual eu mesmo me havia induzido era irreligiosa demais para que seu fracasso provocasse qualquer revolução religiosa.
  • Com toda a sinceridade, acho que a vida da fé é mais fácil para mim por causa dessas lembranças. Pensar, em tempos felizes e confiantes, que vou morrer e apodrecer, ou pensar que um dia todo esse universo se dissipará, tornando-se apenas lembrança (como o Velho virava lembrança três vezes por ano, e com ele as varas, a comida detestável, as instalações sanitárias fétidas e as camas frias), fica mais fácil se já vimos esse tipo de coisa acontecer antes. Assim aprendemos a não acreditar na perenidade das coisas atuais.
  • Uma das razões por que o Inimigo encontrou tanta facilidade foi que, sem o saber, eu já estava desesperadamente ansioso para me livrar da religião; e isso por um motivo que merece registro. Por um completo e r r o - e ainda creio ter sido um erro sincero- de método espiritual, eu havia transformado minha devoção particular num fardo quase intolerável. Aconteceu assim.
  • O ridículo fardo dos falsos deveres na oração, é claro, motivaram inconscientemente o desejo de me livrar da fé cristã;
  • Às vezes chego quase a pensar que fui enviado de volta aos falsos deuses para adquirir alguma capacidade de adorar, à espera do dia em que o verdadeiro Deus me chamaria de novo para perto dele. Não que eu não pudesse tê-lo aprendido antes e com maior segurança, de maneiras que nunca saberei, sem a apostasia; mas sim que os castigos divinos são todos misericórdia, e um bem especial advém de um mal especial, e a extrema cegueira provou-se curativa.
  • onde não existe coragem, nenhuma outra virtude pode sobreviver senão por acidente.
  • ...sendo um idólatra e um formalista, insistia que ele deveria surgir no templo que eu lhe havia construído; sem saber que ele só se interessa por templos em construção, jamais por templos construídos.
  • Existe na mente uma espécie de lei da gravidade segundo a qual o bem atrai o bem, o mesmo valendo para o mal.
  • O princípio único do inferno é este: "eu sou meu". George Macdonald
  • As coisas que defendo com mais veemência são aquelas às quais resisti por muito tempo, aceitando só mais tarde.
  • Todos os meus atos, desejos e pensamentos deveriam ser postos em harmonia com o Espírito universal. Pela primeira vez examinei-me a mim mesmo com um propósito seriamente prático. E ali encontrei o que me assustou; um bestiário de luxúrias, um hospício de ambições, um canteiro de medos, um harém de ódios mimados. Meu nome era legião.
  • Sem dúvida, por definição, Deus era a própria Razão. Mas também seria Ele "racional" naquele outro sentido, mais confortável? Quanto a isso eu não tinha a menor garantia. Exigia- se submissão total, o absoluto salto na escuridão. Envolvia-me a realidade com que acordo nenhum se pode fazer. A exigência não era sequer "Tudo ou nada". Acho que esse estágio já fora superado, no ponto de ônibus em que me livrei da carapaça e em que o boneco de neve começou a derreter. Agora a exigência era simplesmente "Tudo".
  • Cedi enfim no período letivo subseqüente à Páscoa de 1929, admitindo que Deus era Deus, e ajoelhei-me e orei: talvez, naquela noite, o mais deprimido e relutante converso de toda a Inglaterra. Não percebi então o que se revela hoje a coisa mais ofuscante e óbvia: a humildade divina que aceita um converso mesmo em tais circunstâncias.
  • A dureza de Deus é mais suave que a suavidade dos homens, e Sua coerção é nossa libertação.
  • o Senhor me ensinara como uma coisa pode ser honrada não pelo que pode fazer, mas pelo que é em si mesma. É por isso que, embora fosse um terror, não foi surpresa descobrir que se deve obedecer a Deus por causa daquilo que ele é em si mesmo. Se o leitor perguntar por que devemos obedecer a Deus, como último recurso a resposta é a seguinte: "Eu sou". Conhecer a Deus é saber que devemos obediência a ele. Em sua natureza, sua soberania de jure se revela.
  • Quando estamos perdidos na mata, a visão de um marco tem grande importância. Quem o vê primeiro, grita: "Olhem lá!" Todo o grupo se reúne e tenta enxergar. Mas depois de encontrar a estrada, passando pelos marcos a cada poucos quilômetros, não mais paramos para olhar. Eles nos encorajam e devemos mostrar-nos gratos pela autoridade que os erigiu. Mas não paramos para olhar, ou pelos menos não lhes damos importância excessiva; não nesta estrada, embora os marcos sejam de prata e as inscrições, de ouro. "Nós seguimos para Jerusalém".
  • É claro, que eu não me surpreenda muitas vezes parando à margem da estrada para olhar objetos de importância ainda menor.

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