quarta-feira, 29 de junho de 2011

SÃO PAULO - LÁ VAMOS NÓS (DE NOVO)

Semana que vem mais uma vez levantaremos voo rumo a São Paulo. Será um tempo muito precioso - Convenção Nacional G12, visita a projetos, lugares de paz, visita a cidade de Campinas (lugar onde vamos residir) e o melhor de tudo - descanso com a família (porque ninguém é de ferro).

SÉRIE - RENOVANDO A MENTE (PARTE 3) - O PROBLEMA DA VISÃO DISTORCIDA


JOAO 4
Introducao - Hoje quero trazer a vocês a terceira ministracao da serie - renovando a mente. Na primeira ministracao falei do irmão mais velho do filho pródigo e das suas motivações erradas. Na segunda ministracao falei de Nicodemos, um homem respeitado e que se aproxima de Jesus com conceitos equivocados. Hoje quero encerrar esta serie trazendo para nossa reflexão o encontro de Jesus com uma mulher que a biblia apresenta como sendo Samaritana. Se o irmão mais velho do filho pródigo trazia motivações erradas e Nicodemos conceitos errados, a mulher samaritana apresenta uma visão distorcida de Deus, do mundo e de si mesma. O evangelho tem o poder de corrigir nossas motivações, nossos conceitos e a nossa maneira de ver as coisas.
Antes de mais nada, voce precisa entender a situação daquela mulher. Ela sofria preconceito duplo, primeiro porque era mulher, segundo porque era samaritana. A lei dizia o seguinte acerca da mulher: "A mulher - diz a lei - é inferior ao homem em todas as coisas. Ela deve obedecer. Não para se humilhar, mas para ser dirigida, pois foi ao homem que Deus deu o poder." A oracao de um judeu era - Louvado seja Deus que nao me criou mulher. A mulher era considerada uma propriedade do marido. Por qualquer motivo um homem podia dispensar uma mulher inclusive uma comida malfeita. Os samaritanos eram considerados uma mistura de raças e por isso impuros. A lei proibia terminantemente o contacto entre os dois grupos. Este preconceito a pobre mulher samaritana sofre na pele - primeiro porque ela é mulher, segundo porque é samaritana. Até que aparece aquele que veio se colocar ao lado do marginalizado - Jesus. Jesus não estava nem ai para a lei. Para Jesus a lei existia para servir a vida e não para ser servida. Jesus conversa com aquela mulher e logo se percebe que por conta deste contexto de preconceito aquela mulher tinha uma visão completamente distorcida. 
Transição - Em primeiro lugar, 
  1. ELA TINHA UMA VISAO DISTORCIDA DE SI MESMA
  1. Aquela cultura preconceituosa conseguiu plantar na mente daquela mulher uma grande mentira - Ela não era absolutamente nada!
  2. Veja a surpresa dela quando Jesus se aproxima pedindo agua, ela quase cai para tras. Voce esta me pedindo agua, não pode!
  3. De certa forma ela ja estava acostumada aquela situação - eu sou samaritana. Na cabeça dela aquilo jamais mudaria, cabe a ela apenas aceitar tal situação, afinal ela é uma mulher samaritana. 
  4. Paulo fala em corintios que Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir os fortes. É exactamente isto que esta acontecendo aqui. Nicodemos não foi procurado por Jesus, mas aqui é Jesus que toma a iniciativa de ir ate aquela mulher. 
  5. Se eu disser para voce esta noite - Voce é importante, muito especial e que Deus quer não sé mudar radicalmente a tua vida, como também te fazer um canal de benção para muitas vidas, o que voce diria? Alguém diria - “eu? não, o senhor deve estar enganado, esta mensagem deve ser para outra pessoa.” 
  6. Deixe-me perguntar uma coisa - qual a imagem que voce tem de si mesmo? Mas Deus tem uma imagem correcta para voce. O texto de Jeremias 29 fala que Deus tem pensamentos a nosso respeito. O que Deus pensa de mim? Que eu sou obra prima das suas mãos, que eu objeto da sua graça e do seu amor eterno. 
  7. Aquela mulher precisava mudar de imagem, ela precisava corrigir a visão que ela tinha de si mesma. Ela tinha aquela imagem porque ela permitiu que o mundo formulasse uma imagem dela. Não permita que o mundo diga o que voce é. Deus tem uma imagem correcta para voce. 
Transição - Em segundo lugar 
  1. ELA TINHA UMA VISAO DISTORCIDA DE DEUS
  1. A mente daquela mulher foi programada para pensar com base em categorias - Judeu e Samaritano, Homem e Mulher. 
  2. Essa forma de pensar fez ela ter uma imagem distorcida de Deus. Para ela Deus era um Deus de grupos. Um Deus limitado pela tradição, pela historia e pela geografia. 
  3. Veja, Jesus esta oferecendo agua viva para matar sua sede existencial, mas a única coisa que ela consegue enxergar é o poço que os seus antepassados cavaram. É o tipo de gente que diz - ta certo, achei bonita esta mensagem, mas meus pais me ensinaram assim, nasci nesta tradição. Ela não conseguiu enxergar o senhor da vida ali bem na frente dela, simplesmente porque os seus olhos estavam postos no passado. Para muitas pessoas Deus habita num museu. Diga a pessoa que esta do seu lado - Deus não habita em museus. O que é um museu - um templo edificado em honra ao passado. 
  4. Veja ainda que para aquela mulher, Deus é um ser extremamente limitado ate mesmo por barreira geográficas. Ela pergunta - onde devo adorar - neste monte ou em Jerusalem. Em outras palavras - Onde é que ele vai me ouvir?
  5. A mensagem da graça de Deus é extremamente revolucionaria. Enquanto o judeu dizia do alto da sua arrogância - Em Jerusalem, Jesus chega e diz - nem aqui, nem acolá. Deus não preso a uma geografia, a um local, a um espaço. Na mitologia grega, os deuses habitavam o Olimpo, um monte sagrado. A biblia faz uma revelação tremenda acerca de Deus - A gloria de Deus enche a terra! 
  6. A geografia da graça de Deus é transportada para dentro dos nossos corações e na singeleza do coração eu posso adora-lo!
  7. Porque nos reunimos aqui÷ Porque precisamos estar em comunhao com os irmãos, porque juntos somos melhores na adoração. Mas nunca porque Deus nos espera aqui. Deus não habita em templos feitos por maos de homem, é o que a biblia diz. 
  8. Aquela mulher tinha uma visão distorcida de Deus, e Jesus dar a ela uma nova visão - a visão de um Deus que não esta longe e sim perto. É quando ele se revela - Olhe, eu estou aqui, eu sou. Aquela mulher achava que Deus estava muito longe afinal ela era uma mulher pecadora, com varias pendências. Mas Jesus se revela - eu sou!
Conclusão - Aquela mulher foi alcançada? Veja bem, não sabemos do irmão mais velho do filho pródigo e também Nicodemos naquele momento com Jesus não esboça nenhuma decisão. Mas esta mulher imediatamente mostra que a visão dela foi totalmente corrigida - Diz o texto que ela deixa o cântaro, vai ate a cidade anunciar o messias. Ela se torna imediatamente uma evangelista, uma pregadora. Ela não quer saber se as pessoas vão ou não ouvi-la. Ela sabe que é amada do Senhor e que Deus esta mais perto do que ela imaginava. Deixe-me perguntar então - O que voce fará depois desta ministracao? Continuará cultivando esta imagem errada que o mundo lhe deu? Continuara achando que Deus está em alguma galáxia muito, muito distante e por isso absolutamente indiferente as suas lutas? Deixe que Deus hoje corrija a sua visão. Voce é especial e Ele esta bem pertinho. 

SÉRIE - RENOVANDO A MENTE (PARTE 2) - O PROBLEMA DOS CONCEITOS EQUIVOCADOS

João 3
Introdução - Na primeira ministracao falamos do problema das motivações erradas do filho mais velho. Quando redescobrimos o evangelho, nossas motivações, nossos conceitos, nossa identidade e nova visão de mundo passa por um processo de transformação que aqui no texto Jesus chama de nascer de novo. Hoje quero tratar dos conceitos equivocados. Normalmente nos aproximamos do evangelho trazendo conceitos pré-estabelecidos, os chamados pré-conceitos.  É assim que Nicodemos se aproxima de Jesus - cheio de preconceitos.  Logo de cara, Jesus trata de mostrar a Nicodemos a insustentabilidade dos seus conceitos, apesar de todo seu preparo, Nicodemos é um homem equivocado. 
Transição - porque estou dizendo que Nicodemos é um homem equivocado?
Em primeiro lugar, 
I. ELE PENSAVA QUE CONHECIA O SENHOR JESUS 
  1. veja - as primeiras palavras de Nicodemos - Rabi, sabemos que és mestre...
  2. Nicodemos da a Jesus o título de rabi que significa mestre. Este era um título muito empregado pelos judeus para pessoas que detinham grande conhecimento. Mas há um problema aí. 
  3. Nicodemos declara - és mestre, vindo da parte de Deus. Primeiro, nicodemos iguala Jesus a outros mestres e segundo para nicodemos Jesus é apenas alguém que fala com grande autoridade acerca das coisas de Deus.
  4. Aí esta o equivoco de nicodemos - ele se aproxima pensando que conhece Jesus, quando na verdade ele não o conhecia. Por esta razão Jesus ignora o discurso de nicodemos e vai directo ao assunto - você precisa nascer de novo. 
  5. Certa vez Jesus perguntou a multidão - que dizeis que eu sou? A bíblia registra as varias opiniões - uns disseram que ele era Elias, outros Jeremias, ou algum profeta. Ate que Pedro toma a palavra e declara.  Tu és o Cristo, o filho do deus vivo. Jesus então faz uma revelação tremenda. Pedro, quem te revelou isso foi o espirito de Deus.
  6. Era esta revelação que faltava a Nicodemos. Nicodemos não o conhecia e por isso ele precisava da revelação completa, ele precisava conhecer o senhor Jesus. 
  7. Você conhece realmente o senhor Jesus? E interessante como o mundo pensa que sabe algo a respeito do senhor Jesus. Na chamada semana santa, todos correm para assistir alguma encenação da paixão. Nosso contexto religioso nos ensinou que Jesus foi o homem que fundou uma grande religião e que a forca desta religião e o amor. 
  8. Mas é só isso mesmo? 
  9. Deus na sua palavra convida o povo a provar e ver a bondade a sua bondade - provai e vede que o senhor e bom
  10. Analogia do mel. A questão aqui não é apenas saber, concordar, mas viver, provar e experimentar. Nicodemos via em Jesus uma grande autoridade, alguém com muito sabedoria, no entanto o conhecimento de nicodemos não passava disto.
  11. Voce só pode conhece-lo através de um encontro pessoal com ele e este encontro pessoal com Jesus traz algo de revolucionário para as nossas vidas
Transição - Vamos para o segundo equivoco de Nicodemos
  1. ELE SE ACHAVA CIDADÃO DO REINO DE DEUS
  1. Para o judeu, Israel era o próprio Reino de Deus aqui na terra. Para ser cidadão do reino bastava ser membro do povo escolhido.
  2. Nicodemos era um dos principais dos judeus, ou seja, um homem instruído, mestre. Com certeza Nicodemos se achava cidadão do reino de Deus pelo simples fato de ter nascido judeu. 
  3. É ai que Jesus faz uma revelação bombástica - Para ver o reino de Deus é preciso nascer de novo. Imagine o soco no estômago que Nicodemos sentiu. Ele faz uma pergunta que parece ser infantil, mas que revela o equivoco no seu interior. Nicodemos pergunta - Como pode um homem nascer sendo velho? Poderá voltar ao ventre da sua mãe? Vamos ler nas entrelinhas. Nicodemos esta perguntando - Tudo bem, entendi. Para ser cidadão do reino basta nascer de novo (biologicamente falando). Tudo bem para um judeu, porque biologicamente falando, sendo judeu, sou cidadão do reino. 
  4. Mas não é disso que Jesus esta falando. Jesus esta falando de tornar-se nova criatura e não nascer de novo como judeu ou membro do nação de Israel. Nascer de novo significa tornar-se nova criação de Deus, tornar-se nova criatura, despojar-se do velho homem. Paulo mais tarde vai falar exactamente sobre isso ao dizer - Quem esta em cristo nova criatura é, as coisas velhas passaram eis que tudo se fez novo. 
  5. Nascer de novo significa fazer parte de um reino que nada mais é do que a recriação de Deus. 
  6. Pastor, o que isso tem a ver comigo? Tudo! Ouça. Estar no meio do povo de Deus não significa necessariamente que voce seja membro do povo de Deus. Praticar uma religião, ser fiel a uma tradição, ter pedigree religioso não te da nenhuma garantia de que voce  faca parte do reino de Deus como cidadão. 
  7. Voce precisa nascer de novo. Voce precisa desejar ardentemente abandonar o velho e caminhar em direcao ao novo. Significa deixar Deus fazer de voce uma nova criatura com novas motivações, com uma nova disposição, com uma nova visão de mundo. 
  8. Como é que isto acontece? Qual o caminho para o novo nascimento? Jesus diz - é preciso nascer da agua e do espirito. Agua aqui representa o batismo e o batismo segundo as escrituras é sinal de arrependimento (arrependei-vos e sejam baptizados). O primeiro passo é o arrependimento. O segundo passo é render-se ao espirito de Deus. Significa deixar o espirito santo de Deus fazer morada na sua vida. O arrependimento e a morada do espirito santo em nos provoca algo revolucionário nas nossas vidas - O novo nascimento. 
Conclusão - Jesus mostra de maneira bem enfática os equívocos deste homem que era mestre em Israel: Tu es mestre em Israel e nao compreendes estas coisas? Porque ele não compreendia? Porque seus conceitos eram equivocados e o que Jesus estava revelando estava muito alem do que ele havia aprendido com os outros mestres. 
Jesus é curto e grosso - Nicodemos apesar de ser um mestre, apesar de toda sua religiosidade e devoção, voce precisa nascer de novo. O caminho é este - arrependa-se de ter tentado conquistar a salvação através de seus próprios méritos. Deixe o espirito santo habitar em voce, deixa ele te guiar, deixa ele conduzir os seus passos. Voce quer nascer de novo?

SÉRIE - RENOVANDO A MENTE (PARTE 1) - O PROBLEMA DAS MOTIVAÇÕES ERRADAS


LUCAS 15
INTRODUCAO - A biblia diz - Assim como pensa o homem assim ele é. Se voce pensa como um religioso então voce é um religioso. Em Rom 11 o apostolo Paulo fala da necessidade de transformar a mente, a forma de pensar. A forma como fomos criados, nossa herança, nosso circulo de amizade, tudo isto de alguma forma influencia nossa forma de pensar e ver o mundo. Falamos nas tres ultimas series sobre redescobrir o evangelho, redescobrir a graça e redescobrir o amor. A partir dai o desafio que temos pela frente é o de renovar a mente, reprogramando a mente segundo o evangelho. A fé no evangelho reconstrói nossas motivações, o entendimento que temos de nos mesmos, nossa identidade e a visão que temos do mundo.  Para esta primeira ministracao escolhi o meu texto favorito nas escrituras. A parábola do filho pródigo é a parábola mais fascinante de Jesus.  O texto fala de dois irmãos perdidos. Normalmente o que nos chama a atenção é o filho que foi embora e gastou todo o dinheiro do pai. Mas o texto fala do outro irmão, tão perdido quanto o outro. Na verdade, posso ate dizer mais perdido do que o irmão mais novo. Porque? Veja, o texto diz que o irmão mais novo teve um encontro com a graça de Deus (é isso que significa o beijo e o abraço que ele recebeu do pai) ja o irmão mais novo se afastou da graça. Perdido é aquele que não entende a graça e ainda se afasta deliberadamente dela. 
O irmão mais velho representa o religioso, afinal ele pensa como um religioso e o que Jesus esta querendo nos ensinar é que a religiosidade tem o terrível poder de nos afastar da graça de Deus. O texto mostra que o irmão mais velho apesar de nunca ter saído de casa (ou seja cair na licenciosidade do irmão mais novo) estava absolutamente distante do pai. Embora tenha servido por tantos anos, o texto revela a perdição do filho mais velho. O texto vai revelar que a perdição do filho mais velho evidenciava-se nas suas motivações. As motivações erradas denunciam a perdição do filho mais velho
Transição - Afinal, porque o irmão mais velho estava perdido? Ele estava perdido porque 
  1. PORQUE ELE SERVIA MOTIVADO PELO MEDO
  1. Ele fala aqui de ter servido. Num texto mais antigo voce vai encontrar as seguintes palavras - tenho trabalhado como um escravo. 
  2. O que motiva um escravo a servir? O medo é obvio. 
  3. Aquele filho portanto revela que ele esta ali motivado tão somente pelo medo. 
  4. Este é um caminho perigoso. Deus projectou o ser humano para ser um filho, um amigo.
  5. Nosso relacionamento com Deus deve encontrar no amor a sua motivação. Por isso a biblia diz que o verdadeiro amor lança fora o medo. 
Transição - Mas ele estava perdido também porque 
  1. ELE ERA MOTIVADO PELA RECOMPENSA
  1. Ele apresenta aquilo que ele considerava um mérito - sem nunca transgredir um mandamento.
  2. Ele se achava merecedor, afinal ele cumpria os mandamentos.
  3. Esta é a grande armadilha da religião. Se eu cumpro tudo direitinho, então consequentemente estou em condições de exigir isso ou aquilo. E a graça fica aonde? 
  4. O filho mais novo foi redimido porque reconheceu sua absoluta falta de méritos. Ele diz não sou digno de ser chamado teu filho. 
  5. A religião quer nos fazer acreditar que somos merecedores de algo. O evangelho nos ensina que não somos merecedores. No final de tudo, é a graça a saída. 
Transição - E finalmente, quando as motivações são erradas, o entendimento não será correcto, ai esta a terceira evidencia da perdição do filho mais velho 
  1. PORQUE ELE NAO ENTENDIA O AMOR DO PAI 
  1. Ele achava que a maior prova do amor do pai seria o pai mandar dar uma festa pra ele. 
  2. O pai olha pra ele e diz - voce não entendeu nada. 
  3. A maior prova do amor do pai esta no verso 31 - Tu sempre estas comigo. 
  4. A maior prova do amor de Deus é a sua presença. 
  5. Por isso Jesus faz uma promessa tremenda - eis que estou convosco todos os dias. 
  6. E não só quando tu vai bem. Este é o grande engano da religiosidade. Se as coisas não funcionam do nosso jeito, então Deus não nos ama. 
  7. Mas ele nos ama, e a prova disso é que ele se faz presente. 
Conclusão - Se o filho mais velho se converteu isso não sabemos. A interrogação foi proposital. Afinal, nos realmente fomos convertidos a graça ou a uma religião? O filho mais velho se perdeu porque ele pensava como religioso, e como religioso ele se perdeu. 

terça-feira, 28 de junho de 2011

ORTODOXIA - G.K CHESTERTON (NOTAS DE LEITURA)


Judas em sua carta convoca os seus leitores “a batalhar pela fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos”(v.3). Na historia da Igreja cristã coube aos apologistas e aos polemistas tal incumbência, visto que a igreja sempre esteve rodeada de inimigos. Os inimigos eram tanto externos como internos. Os judaísmo, o Estado, as filosofias pagãs eram inimigos externos que buscavam de todas as formas barrar o avanço da igreja questionando sua mensagem. Se não bastasse os ataques que vinham de fora, dentro da igreja levantavam-se questões que poderiam de certa forma minar o caminho da igreja, corrompendo assim a sua fé. Os apologetas portanto eram defensores da fé contra os ataques de fora, e os polemistas tentavam corrigir os equívocos internos da igreja. Chesterton foi um exemplo de apologeta. Ele conseguiu expor de forma concisa o pensamento cristão, defendendo a ortodoxia não como uma coisa “pesada e enfadonha” mas como algo estimulante. 
Ao terminar a leitura desta obra cheguei a seguinte conclusão - Precisamos de Apologetas hoje! Veja bem. Temos um grande numero de pessoas que se auto-proclamaram Apologetas, defensores da sã doutrina, mas que para mim não passam de escarnecedores, gente patética que acaba complicando ainda mais a caminhada da igreja nos nossos dias. Chesterton era firme nas suas posições (afinal ele era um apologeta) mas ao mesmo tempo ele era respeitoso, cortes com os seus “inimigos”. Pare um pouco para ler o que anda sendo publicado nos blogs apologéticos da vida (um exemplo posso te dar - genizah, para mim a coisa mais patetice que existe). Veja a falta de respeito no lidar com aquele que pensa diferente. Isso não é ser apologeta, isso é ser fariseu.
Que os apologetas de araque dos nossos dias parem um pouco o desserviço que estão prestando a igreja e aprendam um pouco o que é ser realmente um defensor da ortodoxia com o nosso querido Chesterton. 
Com vocês as notas de leitura. 
  • A chatice, todavia, me livra da acusação que mais lamento, a acusação de ser superficial. 
  • Eu sou o homem que com a máxima ousadia descobriu o que ja fora descoberto antes.
  • Tentei fundar uma heresia só minha; e quando lhe dei o ultimo acabamento descobri que era a ortodoxia. 
  • Quando a palavra ortodoxia é usada aqui, ela significa o Credo dos Apóstolos, como era entendido por todos os que se chamavam cristãos ate pouco tempo atras e a conduta histórica daqueles que adoptavam esse credo. 
  • Aceitar tudo é um exercício, entender tudo é uma tensão. O poeta apenas deseja a exaltação e a expansão, um mundo em que ele possa se expandir. O peta apenas pede para por a cabeça nos céus. O lógico é que procura por os céus dentro de sua cabeça. 
  • O louco é um homem que perdeu tudo excepto a razão. 
  • Enquanto se tem um mistério se tem saúde, quando se destrói o mistério se cria a morbidez. 
  • Hoje em dia a parte humana que o homem afirma é exactamente a parte que não deveria afirmar. A parte que ele duvida é exactamente a parte de que não deveria duvidar - a razão divina. 
  • A evolução ou é uma descrição cientifica inocente de como certas coisas terrenas aconteceram, ou então, se for algo mais do que isso, é um ataque contra o próprio pensamento. Se ha uma coisa que a evolução destrói, essa coisa não é a religião, mas sim o racionalismo. 
  • Está na hora de abandonar a busca de perguntas e empreender a busca de respostas. 
  • Portanto, o homem moderno em estado de revolta tornou-se praticamente inutil para qualquer proposito da revolta. Rebelando-se contra tudo, perdeu o direito de rebelar-se contra qualquer coisa especifica. 
  • ...o coração deve estar preso a coisa certa, a partir do momento em que temos o coração preso temos liberdade para as mãos. 
  • É o mal extremo e absoluto, a recusa de interessar-se pela existência, a recusa de fazer um juramento de lealdade a vida. O homem que mata um homem, mata um homem. O homem que se mata, mata todos os homens, no que lhe di z respeito, ele elimina o mundo. 
  • Em outras palavras, o mártir é nobre, exactamente porque ele confessa esse supremo laço com a vida, coloca o coração fora de si mesmo, morre para que alguma coisa viva. O suicida é ignóbil porque não tem esse vinculo com a existência, ele é meramente um destruidor. Espiritualmente ele destrói o universo. E depois me lembrei da estaca e da encruzilhada, e o estranho fato de que o cristianismo mostrara esse rigor incomum para com o suicida. Pois o cristianismo mostrara um ardente incentivo ao martírio. 
  • Portanto, quando se trata de uma resposta histórica, o ponto básico não é saber se essa resposta foi dada no nosso tempo, mas se foi dada em resposta a nossa pergunta. E quanto mais eu pensava sobre quando e como cristianismo surgira no mundo, tanto mais eu sentia que, de fato, viera para responder a essa pergunta. 
  • Dentre todas as religiões horríveis, a mais horrível é a adoração do deus interior. 
  • O cristianismo veio ao mundo acima de tudo para afirmar com veemência que o homem não só não devia olhar para dentro, mas devia olhar para fora, contemplar com assombro e entusiasmo uma companhia divina e  um capitão divino. O único prazer de ser cristão era que o homem não ficava  sozinho com a luz interior, mas definitivamente reconhecia uma luz exterior, bela como o sol, clara como a lua, formidável como um exercito com bandeiras. 
  • Deus havia escrito não exactamente um poema, mas antes uma peca, uma peça que planejara a perfeição, mas que tinha necessariamente legado a actores e directores humanos, que a partir daquele tempo a transformaram numa grande confusão.
  • Eu acreditava nessa doutrina da fraternidade de todos os homens na posse do senso moral, e ainda acredito nisso - junto com outras coisas. 
  • A doutrina crista detectou as esquisitices da vida. Ela não apenas descobriu a lei, mas previu a excepções. 
  • Essa é a emocionante aventura da Ortodoxia. As pessoas adquiriram o tolo costume de falar de ortodoxia como algo pesado, enfadonho e seguro. Nunca houve nada tão perigoso ou tão estimulante como a ortodoxia. Ela foi a sensatez, e ser sensato é mais dramático que ser louco. Ela foi o equilíbrio de um homem por trás de cavalos em louca disparada, parecendo abaixar-se para este lado, depois para aquele, mas em cada atitude mantendo a graça de uma escultura e a precisão da aritmética. 
  • A igreja ortodoxa nunca tomou a rota fácil ou aceitou as convenções, a igreja ortodoxa nunca foi respeitável. Teria sido mais fácil ter aceitado o poder terreno dos arianos. Teria sido mais fácil, durante o calvinista século XVII, cair no abismo infinito da predestinação. É fácil ser louco, é fácil ser herege. É sempre fácil deixar que cada época tenha a sua cabeça,  difícil é não perder a própria cabeça. 
  • É sempre simples cair, ha um numero infinito de ângulos para levar alguém a queda, e apenas um para mante-lo de pé. Cair em qualquer um dos modismos, do agnosticismo a ciência crista, teria de fato sido obvio e sem graça. Mas evita-los a todos tem sido uma estonteante aventura e na minha visão a carruagem celestial voa esfuziante atravessando as épocas. Enquanto as monótonas heresias estão esparramadas e prostradas, a furiosa verdade cambaleia mais segue de pé. 
  • Nietzsche sempre se evadia de uma questão usando uma metáfora física, como um jovial poeta menor. Ele dizia “alem do bem e do mal” porque não tinha a coragem de dizer “melhor que o bem e o mal” ou “pior que o bem e o mal”. 
  • No mundo superior o inferno uma vez se rebelou contra o céu. Mas neste mundo o céu esta se rebelando contra o inferno. 
  • A essência de todo panteísmo, evolucionismo e religião cósmica moderna esta realmente nesta proposição: que a natureza é a nossa mãe. Infelizmente, se voce considerar a natureza como mãe, vai descobrir que ela é madrasta. O ponto principal do cristianismo era este: que a natureza não é a nossa mãe: a natureza é nossa irmã. Podemos sentir orgulho de sua beleza, uma vez que temos o mesmo pai, mas ela não tem autoridade sobre nós, temos de admira-la, não de imita-la. 
  • O homem precisa ter a medida exacta e suficiente de fé em si mesmo para ter aventuras, e ter a medida exacta e suficiente de duvida de si mesmo para desfruta-las. 
  • O cristianismo pronunciou-se de novo e disse: Eu sempre afirmei que os homens eram naturalmente reincidentes no erro, que a virtude humana por sua própria natureza tendia a enferrujar e corromper-se, eu sempre afirmei que os seres humanos como tais cometem erros , especialmente os seres humanos felizes, especialmente os seres prósperos e orgulhosos. Essa revolução eterna, essa suspeita sustentada ao longo dos séculos, voce a chama de doutrina do progresso. Se voce fosse um filosofo, voce a chamaria, como eu, de doutrina do pecado original. Voce pode chama-la de avanço cósmico tanto quanto voce quiser, eu a chamo o que ela é - A Queda.
  • Pois desde o inicio ela manteve que o perigo não estava no meio em que vive o homem, mas sim no homem. 
  • O cristianismo mesmo quando diluído, é forte o suficiente para reduzir toda a sociedade moderna a trapos. 
  • Um milagre significa apenas a liberdade de Deus. 
  • Em vez de examinar livros e quadros sobre o novo testamento, examinei o próprio novo testamento. Ali descobri um relato que absolutamente não mostrava uma pessoa de cabeleira partida ao meio ou de mãos entrelaçadas um gesto de suplica, mas mostrava um ser extraordinário com lábios de trovão e atos terrivelmente decididos, que derrubava mesas, expulsava demónios, passava com o bravio sigilo do vento do isolamento, da montanha para uma espécie de medonha demagogia, um ser que muitas vezes agia como um deus irado - e sempre como um deus. 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

U2 - Please

PR. RICARDO E A TEOLOGIA DO FAZ DE CONTA

“Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” I COR 15.19
 A declaração bombástica do Pr. Ricardo Gondin acerca da volta de Cristo está na ordem do dia. A policia da sagrada ortodoxia agradece, visto que agora eles tem alguém para crucificar ou no mínimo queimar em praça publica. 
Antes de mais nada preciso afirmar categoricamente - Não concordo com a tese do Pr. Ricardo. A idéia de um horizonte utópico para mim nada mais é do que a “teologia do faz de conta”, mais uma invencionice do liberalismo teológico que é recebido por muitos como a ultima coca-cola no deserto. 
Ja tive a oportunidade de ler alguns textos de Moltmann e acredito que vale a pena parar para ler algumas das propostas apresentadas por ele na sua cristologia, no entanto quando falo de parar para prestar atenção ao que ele diz, não estou falando necessariamente de abraçar tal teologia. O exercício teológico é necessário e saudável mas sem espirito critico pode ser absolutamente danoso e este é o caso do nosso querido Pr. Ricardo Gondin. 
Sinceramente confesso que não consigo entender o posicionamento deste querido pastor. Veja, não são questões corriqueiras que estão sendo discutidas (Predestinação, Livre-arbítrio, Calvinismo, arminianismo, Batismo como segunda benção e outras questões que fazem a diversão dos estudantes de teologia). Na verdade, os fundamentos da fé cristã estão sendo colocados em xeque: Soberania de Deus e agora a volta de Jesus Cristo em Gloria. Dizer que Deus não é soberano ja foi um chute na canela e agora temos que aguentar este murro no estômago - A volta de Cristo apenas como uma utopia. 
Percebo nisto tudo que o querido pastor Ricardo enveredou de vez no caminho do pos-modernismo que propõe uma absoluta desconstrução de conceitos e valores. A questão que levanto é a seguinte - o que será construído no lugar do prédio que foi derrubado? A resposta? Nada! O resultado disto? Desespero. A doutrina da soberania nos traz paz, descanso, segurança - “E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?” Lucas 6.28-30. Ai vem o teísmo aberto e diz - “Deus não é soberano, ele está presente na historia”. E agora? Tenho que me virar, porque Deus não ja pode intervir na minha historia _ Estou perdido!
A doutrina da segunda vinda de Cristo alimenta a nossa esperança, na ceia proclamamos - “Ate que ele venha”. Ai vem os defensores da teologia da esperança proclamando uma “esperança” pra lá de estranha - a volta utópica, ou seja a volta não vai acontecer, pois se ela acontecer deixará de ser utópica, ou seja, “faz de conta que Ele vai voltar”. O que fica então? Nada. Novamente o desespero e nas palavras de Paulo a mais absoluta miserabilidade, uma vez que passamos a esperar em Cristo somente nesta existência. 
Afinal, que boa nova é esta que traz desespero, duvida e insegurança? O evangelho da graça traz paz, alivio, segurança, esperança e certezas. Com certeza este não é mais o evangelho pregado pelo Pr. Ricardo.
Agora, um recado para os apologistas da fé. Não contem comigo para nada. Não vou ajudar a queimar ninguém na fogueira e nem tampouco vou ajudar nessa nova caça as bruxas. Não comungo com as posições do querido Pr. Gondin, no entanto, continuo respeitando a pessoa dele como homem de Deus que abençoou muito esta nação. E para dizer de forma mais clara - Não quero me aliar aos doutores da lei versão 2.0, porque percebo a falta de ternura, a ausência da graça em suas falas e em seus escritos. Deus me livre de me tornar uma coisa dessas. 
Deus me livre da insensatez do Pr. Ricardo
Deus me livre da hipocrisia e da dureza dos apologéticos. 
Beijo no coração.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

COMEÇANDO A LER

"Fora a Biblia, se eu tivesse de escolher um único livro em situação semelhante,
 é bem provável que fosse ortodoxia" 
Philip Yancey

MOMENTO NARCISO!!! RSRSRSRS

UM PASTOR SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS - EUGENNE PETERSON (NOTAS DE LEITURA)

Ler Eugenne Peterson é sempre um prazer. Seus livros são na verdade uma boa conversa com pastores que buscam ir alem da mediocridade marcante do nossos dias. Alguns ministros de hoje agem como vendedores que buscam novas técnicas para repassar um produto, nada mais do que isso.  
Quando voce senta para ler Richard Baxter, Charles Spurgeon, Martins Lloyd-Jones e Eugene Peterson, logo se percebe a crise do ministério pastoral nos nossos dias. Uma nova técnica aqui, uma estratégia mirabolante acolá, uma conferencia apresentando a ultima descoberta do mundo pastoral bem ali. Tudo isso banaliza o chamado pastoral. 
Oração, Leitura da Palavra e Orientação espiritual são caminhos de integridade para um ministério segundo o coração de Deus. Para aquele que vive buscando técnicas isso pode parecer ultrapassado e  antigo. Lembro-me das palavras de Jeremias 6.16 - “Perguntai pelas veredas antigas.” Peterson me ajuda a fazer estas perguntas. 
Deixo voce com as notas de leitura -
  • Nenhuma das três actividades citadas é pública, o que significa que ninguém pode ter certeza de que estamos, realmente, ocupando-nos com elas. As pessoas ouvem-nos orar no culto, pregar e ensinar a Bíblia e percebem quando prestamos atenção ao que nos dizem, mas não têm como saber se estamos envolvidos com Deus enquanto fazemos tudo isso. Não é necessário passar muitos anos no ministério para perceber que podemos exercê-lo de forma satisfatória, pensando em Deus apenas ao realizar atos cerimoniais. Já que é possível negligenciar os atos de atenção ou comunhão com Deus sem que ninguém perceba e sendo necessária grande dedicação para executá-los, é fácil, e comum, dar-lhes pouca importância.
  • Não conheço outra profissão em que seja tão fácil fingir como a nossa. Existem comportamentos que podemos adotar para sermos considerados, sem nenhum questionamento, conhecedores de mistérios: ter um porte reverente, cultivar uma voz empostada, introduzir em nossas conversas e palestras palavras eruditas em quantidade suficiente apenas para convencer os outros de que nosso treino mental está um pouco acima do que o da congregação. A maioria das pessoas, ou pelo menos aquelas com quem convivemos mais estreitamente, sabe que, na realidade, estamos cercados por enormes mistérios, como a vida e a morte, o bem e o mal, o sofrimento e a alegria, graça, misericórdia, perdão. Podemos insinuar familiaridade com esses assuntos profundos com gestos, suspiros cheios de simpatia ou toques repletos de compaixão. Mesmo quando, no meio de ataques de humildade ou honestidade, declaramos que não somos santos, ninguém acredita, porque todos precisam de ter certeza de que alguém tem contato com os assuntos mais elevados.
  • É possível fingir ser pastor sem sê-lo.
  • Se nos satisfizermos em simplesmente agradar à congregação, ser pastor será um dos trabalhos mais fáceis que existem na face da Terra. A carga horária é boa, o salário adequado, o status bem elevado. Então, por que não achamos fácil e nem estamos satisfeitos?
  • E, para os pastores, a integridade tem a ver com Deus (e não com aliviar a ansiedade, confortar e nem com dirigir uma empresa religiosa).
  • Existe dificuldade em se definir bem a linha divisória. Como não perder a vocação pastoral vivendo em uma comunidade que me contrata para realizar tarefas religiosas? Como continuar tendo integridade profissional no meio de um povo que tem grande experiência em comparar produtos mas que não se cansa de exigir que tenhamos integridade pastoral?
  • Mas a palavra devoção faz parte do vocabulário dos atletas e significa treinar para alcançar a excelência.
  • Sem uma "devoção" adequada, nem mesmo os melhores talentos e as melhores intenções poderão evitar o enfraquecimento, que levará a uma vida, em sua maior parte, de representação.
  • A implicação de tudo isso no trabalho pastoral é evidente: ele começa com a oração. Tudo aquilo que tem nossa participação - o que for criativo, poderoso, bíblico - tem origem na oração. Os pastores que imitam a pregação e as ações morais dos profetas sem, ao mesmo tempo, imitar sua vida profunda de oração e louvor, que é tão evidente nos Salmos, são um estorvo para a fé, um empecilho para o crescimento da Igreja.
  • Enquanto que os gregos tinham uma história para cada ocasião, os hebreus tinham uma oração. Para os pastores, as histórias gregas são úteis, mas as orações hebréias são essenciais. 
  • Vá devagar com a oração, porque, na maior parte das vezes, ela não traz aquilo a que aspiramos, mas o que Deus quer, que pode ser bem diferente do que entendemos como sendo nosso melhor interesse.
  • Os pastores são continuamente submetidos a uma indignidade, quando um grupo se reúne, para uma reunião ou refeição, e alguém lhes pede: "Pastor, o senhor podia fazer uma oraçãozinha para começar?" Seria maravilhoso responder, gritando, como imaginou William McNamara: "Não posso! Não existem oraçõezinhas! A oração penetra na cova dos leões, leva-nos até à presença da santidade, lugar de onde não sabemos se voltaremos vivos ou equilibrados, já que 'horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo' 
  • Os pastores não são os culpados por esse estado de coisas, mas se tornam a partir do momento em que o perpetuam, com sua aquiescência. Ao percebermos a extensão de nossa responsabilidade, devemos fazer algo frente à situação.
  • A palavra de Deus é o meio criativo através do qual todas as coisas vêm à existência.
  • Respostas decoradas não são adequadas à estonteante criatividade da interpelação que Deus nos faz através de sua palavra.
  • O segundo tipo de demandas inclui responder, em oração reverente, à chamada que Deus faz para que Lhe demos atenção, para ouvi-Lo, levá-Lo a sério dentro das circunstâncias reais do que vivo no dia de hoje, no lugar onde moro.
  • A substituição, quase geral, dos termos entre os pastores é mais um sinal de uma identidade vocacional abandonada (Uma troca de nome que se relaciona com esta é a de "gabinete pastoral" por "escritório",
  • Sabá: Tempo e espaço em ordem, para nos distanciarmos da agitação de nossas atividades, a fim de podermos ver o que Deus fez e está fazendo. Se, regularmente, não deixarmos nosso trabalho por um dia por semana, estaremo-nos levando a sério demais. O suor moral que brota de nossas sobrancelhas nos cega para a ação fundamental de Deus dentro de nós e à nossa volta.
  • A maioria de nós é agostiniana35 nos púlpitos. Pregamos a soberania de nosso Senhor, a primazia da graça, a glória de Deus: "Porque pela graça sois salvos... não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2:8,9). Mas, no minuto em que deixamos o púlpito, passamos a ser seguidores de Pelágio.36 Em reuniões, sessões de planejamento, tentativas obsessivas de atender às expectativas das pessoas, ansiedade de agradar e pressa de cobrir todas as bases, praticamos uma teologia que coloca nossa boa vontade como fundamento da vida e estimula o esforço moral como sendo o elemento básico para se agradar a Deus.
  • "O homem só se diverte quando é homem na completa acepção da palavra, e só no momento em que se diverte ele é completamente homem."
  • Os pastores precisam de criar nesta terra parques de diversão e de oração.
  • Ler a Bíblia não é o mesmo que ouvir Deus. Um não está necessariamente ligado ao outro, mas, muitas vezes, presume-se que sejam a mesma coisa. Os pastores, que passam mais tempo lendo as Escrituras do que a maioria dos cristãos (não em face da devoção, mas do seu trabalho), adotam essa opinião sem justificativa com freqüência alarmante.
  • Mas é exatamente esse ouvir cheio de alegria e paixão que diminui, chegando, mesmo, a desaparecer, no decorrer do exercício do pastorado. 
  • Não há área em nossa vida que não seja afetada, de uma forma ou outra, pelo consumismo.
  • Segue-se disso ser um erro fatal a prática acadêmica amplamente disseminada de tratar as Escrituras basicamente, se não exclusivamente, como fenômeno impresso, livro didático escrito para nos fornecer informações sobre Deus, doutrina, moral ou história religiosa. Lamentavelmente, os pastores adotaram essa prática. A Bíblia, definitivamente, não é um livro didático. E a Igreja em adoração nunca levou muito a sério essa noção. Percebe-se na Bíblia algo muito maior e mais ativo: uma matriz verbal, na qual o comportamento de fé de uma comunidade de adoração é moldado e renovado.
  • A tarefa da Igreja (por cuja execução os pastores têm grande responsabilidade) é evitar esse mal-entendido: evitar que a revelação, que sempre envolve histórias e reações pessoais, seja tratada como informação, que comumente envolve fatos impessoais e idéias abstratas.
  • A religião como distração é sempre mais atraente, mas também é menos verdadeira.
  • A maioria dos enganos vem, não de definições erradas, mas de contextos esquecidos.
  • "As histórias das Escrituras, ao contrário das de Homero, não buscam nosso favor, não nos lisonjeiam, visando a nos agradar e encantar: elas almejam submeter-nos e, se nos recusarmos à submissão, seremos rebeldes.
  • Não importa que o povo desta era não goste dessas características em seus textos religiosos: os pastores não estão a serviço desta era.
  • Por toda parte, pastores têm transformados seus gabinetes em "destila-rias" ilegais, onde extraem idéias e moralidade da narrativa fértil das Escrituras. 
  • A oração é parte integrante do estudo das Escrituras, porque antecipa a caminhada do leitor, carregado pelo Espírito, da página escrita ao próprio Deus.
  • A cultura nos condiciona a nos aproximarmos das pessoas e situações como jornalistas: ver o grande, explorar as crises, editar e resumir o comum, entrevistar o fascinante. As Escrituras, porém, e as melhores tradições pastorais nos treinam em um sentido diferente: notar o pequeno, persistir no comum, apreciar o obscuro.
  • A orientação espiritual é a tarefa de ajudar uma pessoa a levar a sério o que é deixado de lado pela mente tomada pela publicidade e farta de crises. É, ainda, receber o "material de vida misturado e aleatório" (de novo, palavras de Auerbach) e usá-lo como material para a mais alta santidade.
  • cada alma é única: não se pode simplesmente aplicar alguma sabedoria, sem discernir as particularidades desta vida, desta situação.
  • Acredito que muitos pastores se dedicariam muito mais à orientação espiritual, com mais consistência e habilidade, se percebessem quão mais importante ela é do que nossos professores falaram, e a importância que teve no ministério pastoral nos séculos anteriores.
  • . Ser orientador espiritual significa estar pronto a abrir espaço e conseguir tempo para olhar para esses elementos de nossa vida, que não são, de forma alguma, periféricos, mas, sim, centrais: sinais inequívocos de transcendência. Mencionando, atendendo e conversando, ensinamos nossos amigos a "lerem o Espírito" e não se deterem aos jornais.
  • Ser um orientador espiritual significa reparar no que é familiar, dar nome ao que é individual. É necessário ser instruído nas grandes verdades de pecado, graça, salvação, expiação e julgamento, mas isso não é suficiente.
  • Na orientação espiritual nos dedicamos mais a descobrir tentações particulares e graças reais do que a aplicar verdades.
  • Uma pessoa necessitada e em crescimento está vulnerável, e aceita, prontamente, os conselhos oferecidos com sinceridade. Mas a ajuda que poderia ser adequada a outra pessoa, ou até mesmo para esta pessoa, só que em outro momento, pode estar errada para essa pessoa, nesse momento. Por isso, a necessidade da congregação, de receber orientação espiritual pessoalmente, não pode ser deixada à responsabilidade de livros, fitas cassete ou vídeos. Esta é a verdadeira função dos pastores.
  • Se estamos, porém, o tempo todo exercendo autoridade, quando teremos a oportunidade de praticar a obediência?
  • Os maiores erros na vida espiritual não são cometidos por noviços, mas por conhecedores. 
  • Reduzindo uma pessoa a material para sermões, seremos agentes da alienação.
  • Assim, nossa tarefa principal é sermos peregrinos. Nosso melhor preparo para a orientação espiritual é a vida honesta. A oração e a capacidade crescente de adoração e alegria dão autenticidade à existência pastoral.
  • Precisam de um amigo que dará atenção ao que elas são, não querem um gerenciador de projetos que prescreva mais tarefas.
  • Baxter diz que um pastor não pode "agir de qualquer modo quanto" ao seu trabalho.
  • Faz vários anos que venho prestando atenção especial aos pastores, no momento em que falam das pessoas que batizam e a quem entregam a palavra, o corpo e o sangue de Cristo. Que eles realmente pensam sobre de suas "ovelhas"? É muito raro ouvir espanto ou maravilha quando falam, muito difícil detectar qualquer aplauso para as glórias que ninguém nota, para a graça que ninguém percebeu.
  • Todo encontro com outra pessoa é um privilégio. Nas conversas pastorais tenho oportunidades que muitos nunca têm com tanta facilidade ou tão freqüentemente: oportunidade de explorar a glória oculta, a bênção ignorada, a graça esquecida. É melhor não perder isso.
  • É difícil manter a consciência de minha ignorância. Os pastores fazem tantas provas, ouvem tantas palestras, lêem muitos livros, e têm tanta experiência com a matéria-prima da verdade - morte, luto, sofrimento, celebração, culpa, amor - que assumem com facilidade a postura de onisciência. Mas o que não sabemos é muito maior do que o que conhecemos.
  • Li e estudei as Escrituras durante anos e anseio compartilhar o que aprendi. Fui ensinado e treinado em Teologia durante anos e desejo passar meu conhecimento adiante. Sendo estimulado por uma pergunta ou recebendo o sinal de uma pesquisa, forneço respostas e comentários. Quero passar o conteúdo de minha mente para o vazio da outra mente. Mas, e se não forem as cabeças as envolvidas aqui, mas algo mais parecido com corações, vidas"? Neste caso, o terreno desconhecido é muito maior do que o conhecido. Von Hugel disse: 'É característica de uma mente ignorante ser mais dogmática do que o assunto requer." O melhor é ficar quieto um pouco, ouvir e olhar. Há muito mais aqui do que o olho pode ver, muito que não foi dito. Que é?
  • É mais fácil falar sobre idéias, pessoas ou projetos. Para a situação imediata, habitualmente traz mais satisfação. Mas se a pessoa realmente deseja relacionar-se com Deus, esses assuntos só atrapalharão a busca ou atrasarão o encontro. Já me coloquei, erroneamente, como o principal elemento da conversação, quando o que o outro procurava era conversar com Deus. Se eu dominar o diálogo - ignorando tanto a palavra de Deus, sua presença e misericórdia, quanto confinando-o a uma mera posição cerimonial - estarei atrapalhando o caminho.
  • Mas deve haver uma predisposição e uma prontidão para orar. A orientação espiritual, então, é conduzida com a certeza de que acontece na presença ativa de Deus, e de que nossa conversa, portanto, é condicionada pelo que Ele fala e ouve, pela Sua presença.
  • Clemente de Alexandria chamou a oração de "manter companheirismo com Deus". "Manter companheirismo" envolve gestos e silêncio, meditação relaxada e fala concentrada.
  • Com muito mais freqüência do que acreditamos, a razão secreta, muitas vezes inconsciente, que as pessoas têm ao procurar conversar com o pastor é o desejo de manter um companheirismo com Deus. Se tiverem a desventura de ir a um pastor que não é ativo no companheirismo, serão decepcionadas, como George Fox, cujos pastores não deram qualquer orientação para a oração e nem pareceram ser pessoas que oravam.