- Qual é a esperança suprema do cristão? Enquanto entendermos que a esperança crista é “ir para o céu”, e que a salvação é algo essencialmente distante deste mundo, as duas perguntas parecerão irreconciliáveis.
- Muitas pessoas inclusive muitos cristãos se surpreendem ao perceber que a esperança crista é diferente do que imaginam, e que essa mesma esperança oferece uma base firme e estimulante para desempenharmos nosso papel no mundo actual.
- A impressão geral é de que as crenças tradicionais sobre juízo, inferno e ressurreição são ofensivas a sensibilidade moderna.
- “Apenas um breve cochilo, e despertaremos para sempre, E a morte não mais existira. Morte, tu irás morrer.”
- Quando chegamos a verdadeira imagem do dia final nos capítulos 21 e 22 do Apocalipse, não encontraremos as almas resgatadas, sem corpo, andando pelo céu, mas a nova Jerusalem descendo do céu e unindo-se a terra em um abraço eterno.
- a esperança firme e certa da ressurreição dos mortos , mas um sentimento vago e impreciso de que as coisas, de algum modo, terminarão bem.
- Se não tomarmos cuidado, estaremos oferecendo uma mera esperança, incapaz de provocar surpresa ou de transformar vidas e comunidades, que não é fruto da própria ressurreição de Jesus e da expectativa de novos céus e nova era.
- A crença na ressurreição sempre vem acompanhada por uma forte visão da justica de Deus.
- Podemos realmente crer na ressurreição de Jesus? Por que? Esta questão tem gerado muita confusão na mente das pessoas. Não se trata de acreditar ou não na Biblia, ou de acreditar que os milagres realmente ocorreram, ou de crer no sobrenatural. Não se trata também da crença de que Jesus esta vivo hoje e que podemos conhece-lo. Se tratarmos o tema da páscoa apenas para provar uma dessas discussões perderemos o foco.
- Foi isso que Marta supôs diante da conversa que teve com Jesus ao lado do túmulo de Lazaro (Jo11.24). Era assim que os judeus entendiam a ressurreição.
- Os discipulos, porem, como afirmam repetidas vezes os evangelhos não conseguiam entender o que Jesus dizia. Suas palavras enigmáticas estavam, de alguma forma, ocultas na metáfora apocalíptica sobre o Filho do Homem e eles claramente tinham a intenção de decifra-las, mas não sabiam como.
- Evidentemente, essa explicação revela também que a crucificação de Jesus representou o fim de toda esperança.
- Paraíso é o delicioso jardim de descanso para o povo de Deus á espera da ressurreição. Quando Jesus declarou que havia muitas moradas na casa de seu Pai, ele usou a palavra moné, que tem o sentido de moradia temporária.
- Se extrairmos os relatos do nascimento de Jesus do Evangelhos, perderemos apenas dois capítulos de Mateus e dois de Lucas. Porem, se eliminarmos a ressurreição, perderemos todo o Novo Testamento, e boa parte dos escritos dos pais da igreja do segundo século.
- Fica claro, portanto, que é impossivel explicar a crença crista primitiva de Jesus como Messias sem a ressurreição.
- A ressurreição não é a redefinição da morte, mas a sua derrota, junto a derrocada daqueles que dependem de seu poder.
- A ressurreição de Jesus esta firmemente ligada a ressurreição final de todo o povo de Deus.
- Esse, de fato é o desafio da nova criação. Colocando em termos mais simples: para os estudantes de historia ou de ciência, não menos do que para os de teologia, a ressurreição de Jesus aparece não como um evento único, mas como um evento característico, típico e fundamental do novo mundo que esta começando.
- A ressurreição não é um evento absurdo, mas o símbolo e o ponto de partida para o novo mundo.
- Jesus de Nazaré não é simplesmente uma nova religião ou uma nova Ética, ou um novo caminho de salvação. Trata-se de uma nova criação.
- O mundo não consegue lidar com um Jesus que saiu do sepulcro e inaugurou a nova criação de Deus bem no meio da antiga.
- A fé no Jesus ressuscitado...é uma fé que como acontece com todos os modelos de conhecimento , se define pela natureza de seu objeto. É a fé no Deus criador, o Deus que prometeu consertar todas as coisas no final, o Deus que ressuscitou Jesus dentre os mortos, um evento ocorrido em um contexto histórico especifico e que deixou evidencias que exigem uma explicação, tanto do cientista como de qualquer pessoa.
- Esperança para o cristão não é uma ilusão ou um optimismo cego. Ela é uma forma de conhecimento, possibilitando o aparecimento de coisas novas e de novas opções, onde a nova criação pode acontecer.
- A esperança nasce com a descoberta de que uma visão de mundo diferente é possível, uma visão de mundo na qual os ricos, os poderosos e os inescrupulosos não terão, afinal a ultima palavra. A mudança de visão de mundo requerida pela ressurreição de Jesus também nos capacitara a transformar o mundo.
- O verdadeiro problema com o mito do progresso é que, como já mencionei, ele não sabe lidar com o problema do mal.
- Só no cristianismo faz algum sentido afirmar que os problemas do mundo não se resolvem pelo nosso esforço para alcançar a luz, mas pelo Deus criador descendo as trevas para resgatar a humanidade e o mundo de sua triste condição.
- Na teologia bíblica permanece o argumento de que o Deus vivo e único criou um mundo distinto dele mesmo, que não se confunde com ele.
- Abandonar a adoração ao Deus vivo significa voltar-se para o que tem vida em si mesmo. Quando adoramos o que é transitório, isso poderá resultar em morte.
- Redenção é libertar o que esta escravizado.
- Redenção implica a renovação da criação, tratando o mal que a desfigura e corrompe. Quem a realiza é o mesmo Deus, revelado em Jesus Cristo, por meio de quem ela foi feita em primeiro lugar.
- Todo poder, toda autoridade, em todo o universo, devera se sujeitar ao Messias, e por fim, a morte, o ultimo inimigo, será vencida.
- No fim, Deus pretende encher toda a criação com sua presença e com seu amor.
- Is 11.9 - Como as aguas podem cobrir o mar? Elas são o mar. Ao que parece, Deus pretende inundar o universo dele mesmo; como se o universo, o cosmo inteiro, tivesse sido projectado para ser o receptáculo do seu amor.
- Como lemos em Filipenses 3, não somos nós que vamos para o céu; é o céu que vem a terra, na verdade, é a igreja,a Jerusalem celestial, que desce a terra. Esta é uma rejeição definitiva a todos os tipos de gnosticismo, a toda visão de mundo que entende que o proposito final é a separação entre Deus e o mundo, entre matéria e espirito, entre terra e céu.
- A criação não é um projectado que deve ser abandonado nem um processo evolutivo. O que ela precisa é de redenção e de renovação, e isso é prometido e garantido pela ressurreição de Jesus dentre os mortos. É isso o que o mundo inteiro esta aguardando.
- Os cristãos primitivos e seus companheiros judeus do primeiro século não tinham um conceito fechado de universo, com o céu no alto e o inferno debaixo de seus pés, como muitos pensadores modernos supõem. Quando eles falavam “acima” e “embaixo”, estavam usando metáforas tão evidentes que dispensavam explicações mais detalhadas.
- C.S Lewis certamente fez um bom trabalho com As Crónicas de Narnia e outros escritos, ao imaginar como dois mundos poderiam se relacionar e interagir. Entretanto, a geração que cresceu sabendo o caminho até Narnia não sabe como fazer a transição de uma historia infantil para o mundo real da devoção e da teologia crista.
- Precisamos redescobrir o que o salmista ja sabia: para Deus “julgar “ o mundo significa que no final ele consertará o mundo todo, o endireitará, produzindo não apenas um suspiro por toda parte , mas também um brado de alegria das arvores e dos campos, dos mares e de sua plenitude. (Sl 96.98)
- Abraçamos qualquer tipo de anti-racionalismo, desde que ele possa nos oferecer algum consolo espiritual e retornarmos ao racionalismo sempre que queremos manter o cristianismo tradicional ou ortodoxo de lado.
- A transição do mundo actual para o novo representa não a destruição do universo presente de espaço/tempo, mas sua cura radical.
- Assim quando eu uso a palavra escatologia, não estou me referindo simplesmente á segunda vinda nem a uma teoria particular sobre ela, mas ao sentido pleno do futuro de Deus para o mundo e á crença de que esse futuro ja esta começando a vir ao nosso encontro no presente.
- No presente momento, o Jesus ausente esta connosco , por meio do Espirito, da palavra, dos sacramentos, da oracao e na face dos pobres, a quem somos chamados a servir em seu nome.
- Ser cidadão do céu não significa ficar a espera de voltar a capital , e sim esperar que o imperador venha a colónia, para conceder a ela plena dignidade, resgata-la se for preciso, submetendo seus inimigos e colocando as coisas em ordem.
- Não podemos esquecer, porem, que por toda a Escritura, principalmente nos Salmos o juízo prometido de Deus é visto como algo bom a ser celebrado, aguardado tao ansiosamente que faz com que as pessoas se regozijem, os rios batam palmas e os montes cantem de jubilo,
- Nós nao edificamos o reino por nosso próprio esforço, mas para o reino.
- É por isso que ele afirma que “carne e sangue não podem herdar o reino de Deus” (I Cor 15.52) Ele não esta dizendo que a fisicidade será abolida. “Carne e sangue” são termos técnicos usados para designar o que é corruptível, transitório e que caminha em direcao a morte. O contraste, aqui não é entre o que chamamos de físico e o que chamamos de não físico, mas entre felicidade corruptível, de um lado e fisicidade não é corruptível, de outro.
- Por que receberemos novos corpos? De acordo com os cristãos primitivos , o proposito desse novo corpo será governar com sabedoria sobre o novo mundo de Deus. Esqueça aquelas imagens de anjos tocando harpas e perambulando para lá e para cá. Haverá trabalho a fazer e teremos satisfação em faze-lo. Todos os talentos e habilidades que colocamos a serviço de Deus nesta vida presente - e talvez, também, os interesses e gostos dos quais abrimos mão porque conflitavam com nossa vocação - serão aperfeiçoados , dignificados e devolvidos a nós para serem exercidos para a gloria de Deus. Esse talvez seja o aspecto mais misterioso e menos explorado da ressurreição.
- A ressurreição não é a vida após a morte, ela é vida após a vida após a morte
- A morte em si poe fim a tudo que ainda é pecaminoso, isso não é magica, é boa teologia.
- Parte da dificuldade aqui, como em outros assuntos que temos estudado, é que a palavra “inferno” carrega uma imagem trazida mais do imaginário medieval do que dos escritos primitivos.
- Tomar a imagem de Abraão, do “homem rico” e de Lazaro literalmente é tão insensato quanto tentar descobrir o nome do “filho pródigo”
- Deus esta totalmente empenhado em endireitar o mundo no final.
- Não haverá cerca de arame farpado no reino de Deus . E também não haverá lugar para aqueles que se tornaram dependentes do arame farpado.
- Quando Paulo diz “todos”, geralmente ele vai alem do que seus ouvintes poderiam esperar, a fim de mostrar que o poderoso amor de Deus alcança tanto o inesperado quanto o evidente.
- Entretanto, justamente quando temos em mente duas categorias distintas, os de dentro e os de fora, descobrimos que o rio da agua da vida flui para fora da cidade e que no meio dele, entre uma e outra margem está a arvore da vida, que produz doze frutos e cujas folhas sao para a cura dos povos.
- O que fazemos no presente, seja pintando, pregando, cantando, costurando, orando, ensinando, construindo hospitais, cavando poços, fazendo campanhas em prol da justica, escrevendo poemas, cuidando dos necessitados, amando o próximo como a nós mesmos, permanecera no futuro de Deus.
- “Salvação” não é “ir para o céu”, mas ser ressuscitado para a vida no novo céu e na nova terra de Deus.
- Nós somos salmos não como almas, mas como seres integrais.
- Todo ato de amor, gratidão e bondade, toda obra de arte inspirada por Deus e pela beleza de sua criação, cada minuto gasto ensinando uma criança com serias deficiências a ler ou a caminhar, cada gesto de cuidado e de atenção, de consolo e de apoio a um ser humano, cada oracao, cada ensinamento conduzido pelo Espirito, cada obra que divulga o evangelho, edifica a igreja, abraça e incorpora a santidade, não a corrupção, e torna o nome de Jesus honrado no mundo - tudo isso terá o seu lugar, pelo poder da ressurreição de Deus, na nova criação que ele um dia fará.
- Se nao produzirmos obras e sinais da renovação na criação de Deus estaremos sendo coniventes com as forcas do pecado e da morte.
- A arte genuína é, portanto, uma resposta a beleza da criação, que reflecte em si mesma a beleza de Deus.
- A igreja não detém o monopólio do mau gosto ou do sentimentalismo, mas provavelmente é o lugar mais fácil de encontra-los.
- Maria confundiu Jesus com o jardineiro. Um engano bastante apropriado, porque, como Adão, Ele é responsável por colocar ordem no novo mundo de Deus.
- A ressurreição de Jesus nos leva a executar tarefas perigosas e difíceis na terra.
- A diferença entre os reinos do mundo e o reino de Deus esta exactamente nisso: o reino de Deus veio por meio da morte e da ressurreição do seu filho, não através de demonstrações explicitas de força bruta ou de riquezas.
- O chamado para uma vida de santidade pessoal inclui o chamado para viver uma vida santa em comunidade.
- ...quando a igreja vive de acordo com o padrão do reino de Deus, a palavra de Deus se espalha poderosamente e o Senhor realiza a sua obra.
- ...devemos glorificar a Deus em nosso corpo, porque um dia Deus irá glorifica-lo.
- Prefiro uma igreja viva com problemas a uma igreja morta, que só tem a oferecer a paz espúria do sepulcro.
- O cerne de I Cor 13 é que amar não é nossa obrigação, mas nossa sina.
- O amor é o alimento no novo mundo de Deus, e precisamos adquirir o gosto por ele aqui e agora.
- Perdão é um estilo de vida, o estilo de vida de Deus.
- Se voce tranca o piano porque não quer tocar para outra pessoa, como Deus poderá tocar para voce?
